Ações da Petrobrás: vale a pena investir?

Quem investe em ações sabe bem que a trajetória de cada ativo está sujeita à influência de múltiplos fatores. Quando falamos das ações da Petrobrás, parece que esses múltiplos fatores se multiplicam, confundindo a cabeça do investidor.

Diante da volatilidade dos papeis da principal petrolífera brasileira nos últimos doze anos, você, que pensa em um investimento de longo prazo, deve torcer o nariz para aquele que já foi considerado um dos investimentos mais seguros da bolsa de valores brasileira.

ações da petrobrás

Pensar em investimento de longo prazo requer visão de longo prazo. Seria muito fácil indicar, fosse para investir no longo prazo, fosse para fazer trade, as ações do Banco Inter. Trata-se de uma empresa que está longe do seu teto, tem uma marca fortalecida e atua num mercado que está em franca expansão, que é o das fintechs.

Os números comprovam. Entre julho de 2018 e julho de 2019, o crescimento da empresa foi superior a 100%. É claro que devemos estar atentos a outros desdobramentos, como a entrada de novas empresas, inclusive estrangeiras, na briga por uma fatia do mercado de crédito e serviços financeiros. Não há nada, entretanto, que indique que a BIDI4 vá se desintegrar tão cedo.

 

Histórico de volatilidade das ações da petrobrás

 

E a Petrobras? Bom, como dissemos, os últimos doze anos têm sido de alta volatilidade. Em novembro de 2018, a PETRA4 chegou a ultrapassar a marca de R$ 28,00, não sem antes ter transitado abaixo dos R$ 20,00 apenas alguns meses antes. Atualmente, é difícil concluir sobre qual o valor real da ação da Petrobras.

A prova disso é que em 2008 a ação da petrolífera atingiu seu recorde histórico, alcançando R$ 40,00. Em 2009, em meio ao auge da crise mundial, chegou a cair para R$ 12,00. Iniciou recuperação já em 2009, batendo os R$ 23,00 entre 2012 e 2014, para mergulhar, de cabeça no abismo durante a crise de 2014, provocada pelo excesso de oferta no mercado internacional bem como em função dos escândalos de corrupção que abalaram em muito a credibilidade da empresa.

Em janeiro de 2016, a ação chegou a valer inacreditáveis R$ 4,80. Em setembro de 2016, com a euforia do mercado com o impeachment de Dilma Rouseff, o preço chegou a R$ 14,78. No início de julho de 2009, a PETRA4 está oscilando na casa dos R$ 27,00.

 

O que causa a volatilidade da Petrobras

 

Para você entender por que deve ou não investir seu dinheiro em ações da Petrobras, é preciso saber quais são as causas da volatilidade das mesmas.

O principal influenciador do preço da ação é, sem dúvida alguma, o preço internacional do barril de petróleo. Historicamente, as quedas e altas no preço do barril costumam virar não só as petrolíferas, mas o mundo inteiro de cabeça para baixo.

Entre 2007 e 2008, as ações da Petrobras tiveram valorização histórica. Na ocasião, no ano de 2008, quando a Petrobras atingia o auge do seu valor de mercado e suas ações chegavam a R$ 40,00, o preço internacional do barril atingia US$ 140. Ao longo de 2009, quando a crise internacional chegou ao apogeu e acabou respingando na então sólida economia brasileira, o barril do petróleo caiu para US$ 40,00, enquanto a ação da Petrobras acompanhou o movimento brusco e chegou a valer R$12,00.

As coisas melhoraram a partir de então e o barril oscilou entre 80 e 100 dólares. As ações da Petrobras subiram, mas não acompanharam o movimento do preço do barril, chegando a R$ 23,00 naquele período.

É preciso, então, que entendamos por que o preço do barril sempre influencia o valor da ação, mas com maior ou menor intensidade. É porque há outros fatores econômicos em jogo. Em 2008, o Brasil ainda estava sob o impacto da descoberta do Pré-Sal, o que elevou fortemente o valor de mercado da Petrobras, já que a companhia tinha prerrogativas sobre esses ativos e tecnologia para explorá-los.

Entre 2012 e 2014, a alta do barril não foi, proporcionalmente, acompanhada pelas ações da Petrobras. A causa disso foi a política adotada pelo governo de forte controle sobre o preço dos derivados do petróleo ao consumidor. O propósito era usar o petróleo para lastrear o crescimento da economia. Para os investidores, sem dúvida alguma, isso não era tão bom, pois inibia a rentabilidade da empresa.

Quando, no início de 2016, o preço do barril desabou, chegando a um patamar inferior aos US$ 30,00, as ações da Petrobrás ultrapassaram, para baixo, a barreira dos R$ 5,00. Na ocasião, o desastre foi alimentado, também, pela crise política que se instalara, assim como a recuperação do preço da ação da Petrobras, já em 2016, acompanha a expectativa de uma nova política econômica.

Momento atual

Desde 2016, a política da Petrobras vem sendo de desinvestimento. As vendas de ativos causam um impacto natural no tamanho da dívida, que tende a ser reduzida. Em 2018, a Petrobras teve lucro de R$ 25,8 bilhões após quatro anos de prejuízos.

Em grande parte, esse movimento tem como indutora a própria política econômica. Desde Temer, a política tem sido de liberar os aumentos de preço do combustível para o mercado interno. Por outro lado, você investiria, no longo prazo, em uma empresa que está em pleno viés de desinvestimento e perda de seus ativos?

Lá no longo prazo, tudo isso pode indicar, para os investidores, bons dividendos decorrentes de uma política de operação reduzida e lucros altos. Mesmo para isso, no entanto, é preciso contar com elevação dos preços. É o que vem acontecendo sistematicamente no Brasil, mas a Petrobras, com o encolhimento, perde participação no mercado interno, uma reserva que foi importante para adiar a entrada da empresa na crise de 2008.

Para quem está pensando em ganhar dinheiro no longo prazo, é preciso considerar que operação reduzida com altos lucros é uma boa combinação para o acionista. Só que essa situação precisa ser sustentável. A Petrobras está sujeita às idas e vindas da política, vide a famosa greve dos caminhoneiros. Até quando a política de aumento dos preços dos combustíveis se sustenta?

Nesse sentido, se formos pensar realmente no longo prazo, pelos próximos 10 ou mais anos, pode não valer a pena investir na Petrobrás ainda que ela consiga apresentar uma melhora inicial após ter sido arrasada nos últimos anos. O motivo para isso é que existem outras empresas no mercado com fundamentos econômicos melhores do que a Petrobrás e nas quais pode valer mais a pena alocar seu dinheiro, como a Itausa, por exemplo.

 

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