Por que o processo de inflação ocorre?

À luz dos mais básicos fundamentos econômicos, podemos afirmar que o significado de inflação é o aumento generalizado de preços na economia. Geralmente, a inflação é a consequência do desequilíbrio entre a oferta e a demanda, com a balança pendendo para o lado da segunda, no caso dos produtos e da primeira, no caso do dinheiro em circulação.

Em outras palavras, se existe uma procura por um produto que represente 135% da oferta, é natural que imaginemos que o produtor daquele item vá aumentar o preço, de modo a usar esse desequilíbrio para aumentar suas margens.

Não quer dizer que isso, necessariamente, vá acontecer. A outra opção pode ser investir na ampliação da capacidade de produção, de modo a atender à demanda. Nesse caso, o desequilíbrio entre oferta e procura seria um bom indutor de crescimento da economia local, uma vez que geraria aumento de produtividade, geração de renda e consumo.

Já deu para perceber que não é tão fácil quanto parece explicar como acontece o processo inflacionário. Entre muitas possíveis causas de uma escalada inflacionária podem estar as variações cambiais. Quando o real esteve valorizado em relação ao dólar, na década dos anos 2000, era comum vermos um grande contingente de brasileiros fazendo viagens turísticas ao exterior.

Com a desvalorização gradativa do real, haveria, pelo menos em tese, uma inversão dessa tendência. Com o dólar custando o triplo do que custou naquele período, pessoas perderiam a motivação com as viagens para fora do país, o que levaria a um aquecimento da demanda interna, que já era alta, devido à vocação turística brasileira. Isso levaria, em tese, a um aumento de preços.

Só que esse aumento de preços pode não acontecer em virtude da perda de poder de consumo da população. Em outras palavras, você pode perceber que nenhum fator funciona sozinho como indutor de um processo inflacionário. É preciso que haja uma conjuntura favorável à ativação desse processo.

InflaçãoHá aspectos da economia local que impactam de forma mais dramática os preços em cadeia nacional. É o que acontece quando temos um aumento brusco de custos com petróleo e energia. São custos que impactam toda a cadeia de valor, aumentando o custo com transporte de mercadoria, o custo de produção e até o custo operacional de empresas de diversos setores, além do impacto direto no preço de produtos fabricados com derivados do petróleo.

Tudo pode mudar, no entanto, se esse aumento ocorrer de forma concomitante a uma escalada recessiva, que leva à queda do consumo. Nesse caso, para não serem obrigadas a reduzir a margem de lucro, empresas do setor podem optar por reduzir a produção, o que tende a gerar mais desemprego e recessão.

Sendo assim, podemos afirmar que o processo inflacionário acontece quando uma série de fatores se combina e favorece a escalada dos preços. Observe que estamos falando em escalada, logo não se pode atribuir a inflação a um mero desequilíbrio entre oferta e demanda, já que um simples ajuste não precisará ser repassado para toda a economia.

A hiperinflação

Um dos grandes problemas do Brasil da época da hiperinflação era a indexação da economia por meio da correção monetária. A hiperinflação aconteceu, principalmente, ao longo da década de 80. Na ocasião, a inflação presente projetava a inflação futura, pois os contratos tendiam a reproduzir os índices passados gerando novo ciclo inflacionário.

Contribuíam para tal situação outras variáveis, como a baixa produtividade da economia brasileira, incapaz de atender à demanda interna de uma classe média que cresceu durante o período dos governos militares, sem que tivesse havido um crescimento correspondente na capacidade produtiva, principalmente do setor industrial.

Da mesma forma os gastos públicos eram mais um fator de desestabilização da economia. Numa economia saudável, os gastos públicos devem ser menores que a receita. No Brasil da hiperinflação os gastos públicos eram elevados, não só pela forte presença do setor estatal na economia, como pelo alto custo da máquina pública e a baixa capacidade dessa mesma economia de gerar arrecadação suficiente.

Com isso, a solução era gerar novos impostos, que acabavam repassados para os preços e, consequentemente, para os salários, já que o movimento sindical tinha muita força naquele período para reivindicar reposições salariais constantes, o que também contribuía para aumentar os custos das empresas.

 

Intervenção do governo x fundamentos econômicos

Há quem acredite que a simples intervenção do governo seja suficiente para estancar uma escalada inflacionária.

Na verdade, é o próprio governo que gera a inflação com a impressão descontrolada de dinheiro. Veja o que aconteceu no Brasil ao longo daquele período, quando as medidas foram do estabelecimento do congelamento de preços à retirada do dinheiro de circulação, com o confisco da poupança pelo governo Fernando Collor.

Inflação hoje

A consequência dessas medidas foi, no caso dos infrutíferos congelamentos, uma verdadeira queda de braço entre produtores, varejistas e governo, acarretando frequentes problemas de abastecimento. Quanto ao confisco da poupança, acompanhado da queda de barreiras para importação de produtos de alto valor agregado, a resposta foi a quebra da indústria nacional, mais recessão, desemprego e resultados duvidosos no combate à inflação.

A inflação, enfim, é um sintoma. A ausência total dela pode ser, inclusive, apontada como um mau indicador, que sinaliza o risco de um ciclo recessivo.

A melhor forma de controlar a inflação é a economia local ter uma boa relação entre câmbio, balança comercial, produtividade, crédito e consumo.  Além disso, a contenção nos gastos públicos e a simplificação do arcabouço tributário e fiscal são fatores de sucesso na sustentação de bons valores econômicos, inclusive a inflação sob controle.

Entretanto, é preciso sempre lembrar que, contar com a boa gestão do governo e a contenção na impressão de dinheiro é algo um tanto quanto irrealista. Afinal, o governo sempre tem um incentivo enorme para tentar resolver seus problemas imprimindo cada vez mais dinheiro já que, ao contrário do aumento de impostos, a impressão de dinheiro tem um custo político quase inexistente, pois o homem médio não consegue ligar o aumento constante de preços nos mercados e lojas a pavorosa política monetária do governo, geralmente culpando o empresário por sua “ganância” em querer aumentar mais e mais os preços e deixando o verdadeiro culpado – o governo – isento de qualquer culpa.

Em grande parte por isso que a febre do bitcoin (Saiba mais) tem crescido cada vez mais, a medida em que as pessoas se tornam mais esclarecidas e buscam obter um dinheiro verdadeiramente livre de influência estatal e que mantenha o seu poder de compra a longo prazo.

Inflação hoje 2021

O IPCA acumulado de 2021 está em 6,10% até março de 2021. Você pode consultar a inflação acumulada a qualquer momento ou a inflação por mês nesse site aqui.

Veja a tabela de inflação dos últimos para os anos de 2005 a 2019

2019 4,31
2018 3,75
2017 2,95
2016 6,29
2015 10,67
2014 6,41
2013 5,91
2012 5,84
2011 6,50
2010 5,91
2009 4,31
2008 5,90
2007 4,46
2006 3,14
2005 5,69

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