O que é Macroeconomia? Qual sua importância para o investidor?

Quer saber o que é macroeconomia? Então pense que em algum momento de sua vida você já deve ter ouvido falar em crise econômica.

Não é necessário, para tanto, ter passado os últimos anos da existência no Brasil. É só lembrarmo-nos da crise econômica de 2008. Na verdade, uma crise econômica causada por uma crise financeira. Na ocasião, o Brasil foi menos afetado já que estava em um momento diferente do ciclo econômico.

Talvez você não tenha ouvido falar na segunda-feira negra, marco de uma das mais estrondosas crises macroeconômicas recentes.

Na ocasião, no dia 15 de setembro de 2008, o Lehman Brothers, um dos mais tradicionais bancos dos Estados Unidos, foi à falência.

Vamos falar brevemente da razão que levou à quebra do Lehman Brothers, pois o mais importante são as consequências.

Você sabe que, ao mesmo tempo em que é um passivo, a dívida pode se transformar num ativo, correto? É o que acontece quando um banco vende para um fundo de investimentos um direito perante um determinado cliente, oferecendo um bom desconto, antecipando a receita e preservando parte de seu spread.

Foi mais ou menos o que aconteceu na crise de 2008. Bancos estadunidenses venderam CDOs em grande quantidade no mercado internacional para financiar créditos no mercado doméstico do país.

Você já deve ter ouvido falar em CDI, que é a taxa referencial de juros para crédito concedido de uma instituição financeira para outra. O CDI é indexador de investimentos como CDB, LCI e LCA. Nesses investimentos, os investidores emprestam dinheiro aos bancos, que são usados para financiar o crédito dos bancos ao consumidor e às empresas, com juros bem mais altos.

O que aconteceria com os investidores se esse consumidor e essas empresas deixassem, em conjunto, de pagar pelos empréstimos? Teríamos o banco quebrando e os investidores ficando a ver navios.

Pois foi mais ou menos isso que aconteceu em 2018. Os bancos estadunidenses misturavam operações de crédito de baixo e alto risco num mesmo pacote, financiando-os com CDOs irresistíveis e risco absurdamente subestimado. Para completar, famosas agências de classificação de risco indicaram a bomba relógio como um grande investimento.

Quando quiser investir, não dê tanto crédito às agências de classificação de risco e desconfie das indicações de quem quer que seja. Confie em informações obtidas com muita investigação, estudo e análise.

A bomba relógio explodiu no colo dos investidores. É o que chamamos de macroeconomia. O efeito dominó derrubou outros bancos, comprometeu orçamentos governamentais, que precisaram salvar os bancos locais da insolvência, derrubaram investimentos governamentais, geraram desaceleração da economia, recessão e desemprego.

O que é macroeconomia

A razão para lembrarmos e descrevermos esse terrível episódio é mostrar com um exemplo didático o que é a macroeconomia.

Macroeconomia é a visão sistêmica e integrada das diversas variáveis econômicas dentro de um contexto geográfico. Podemos falar em macroeconomia da Região Sudeste, do Brasil, da América do Sul, da América Latina, da América ou do mundo inteiro.

Macroeconomia

Nesses diferentes contextos, essas diversas variáveis econômicas interagem e afetam umas às outras. Atendo-nos à economia real, podemos dizer que o aumento do consumo gera aumento da produção, que o aumento da produção gera mais empregos, gerando um ciclo que terminará no aumento das exportações, na melhora dos resultados da balança comercial, que trará, como consequência, o aumento das divisas do país, que também arrecadará mais com impostos, gerando mais investimentos e mais empregos.

Se, por alguma razão, ocorre uma recessão mundial, com retração do consumo e queda nas exportações, esse ciclo acaba sendo afetado.

Então? A macroeconomia estuda de forma integrada essas variáveis, de modo a tentar entender profundamente como se dá essa relação sistêmica, de interdependência, oferecendo relatórios e estudos a governos e empresas, de modo que esses possam qualificar seus planejamentos, sobretudo no sentido de vislumbrar oportunidades e fazer gestão dos riscos.

Estão entre os indicadores macroeconômicos usados em escala regional e mundial:

– PIB;

– Índices de Preços;

– Taxa de Desemprego;

– Taxa de Investimento;

– Gastos Públicos;

– Consumo;

– Balança Comercial;

– Preço do Dólar;

– IDH;

– Etc.

Enfim, tudo que pode afetar a economia, de um modo geral, deve ser compreendido como indicador macroeconômico.

Só para reforçarmos o conceito, vamos fazer uma imersão histórica e voltar à crise do petróleo que teve início em 2014.

No ano de 2008, o preço do barril do petróleo chegou a alcançar um preço superior a US$ 130 o barril. O preço do barril foi afetado pela crise de setembro de 2008 e chegou a cair para a faixa dos US$ 40 dólares. Já no início de 2009, o preço do barril voltou a subir, chegando bem próximo, em 2011, ao patamar de 2008. No final de 2014, o barril chegava a US$ 95, um pouco antes da crise do petróleo. No final de 2015, o barril caíra para menos de US$ 40, afetando gravemente a economia da Venezuela, país fortemente dependente do petróleo, e agravando a crise política brasileira, que, consequentemente, abalou a economia nacional.

Uma série de fatores contribuiu para a crise, dentre os quais o aumento da produção nos Estados Unidos nas áreas de xisto, a resistência dos países da Opep em reduzir a oferta e a redução da demanda por petróleo na Europa e na Ásia.

Como a macroeconomia afeta o investidor

Como pudemos perceber, a macroeconomia é capaz de afetar a política, seja de forma global, seja regional. Imagine você, então, como ela não pode afetar seus investimentos.

Atualmente, a queda geral dos juros no mercado internacional vem afetando de forma brutal investimentos mais conservadores. No Brasil, já tivemos taxa Selic acima de 20%, servindo como indexador para investimentos em época de inflação baixa.

Aliás, em épocas assim devemos nos questionar se estamos, de fato, falando de investimento conservador, uma vez que uma das características desse tipo de investimento é a baixa rentabilidade frente aos investimentos em renda variável, considerados de alto risco.

Tudo bem, fiquemos com a explicação recorrente. Tratava-se de uma jabuticaba. O fato é que atualmente, com a Selic em 6%, os investimentos em renda fixa já não são mais tão atraentes quanto foram em outros tempos.

A mais importante lição, no entanto, que talvez ainda não tenha ficado evidenciada, é que precisamos desconfiar de tudo que não seja balanço financeiro, análise fundamentalista, indicadores de governança, tamanho e estágio do mercado, macroeconomia (sim, ela também!) e tecnologia.

Além disso, debandadas como a do final de 2008 podem ser excelentes oportunidades para comprar ações a preços baixos. Em muitos casos, a queda nas cotações de muitas ações não retratam a situação das empresas, mas o nervosismo do mercado, que, como tudo que envolve a sociedade humana, tem muito mais de emocional do que de racional..

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