A THORchain é um protocolo que permite a troca de criptomoedas entre diferentes blockchains. Ela opera utilizando o Cosmos SDK e o mecanismos de consenso Tendermint da Cosmos. Para quem ainda não conhece essa última blockchain, ela é uma plataforma voltada para a interoperabilidade entre diferentes blockchains e que permite a construção de pontes inter-blockchain por terceiros. Você pode aprender mais sobre a Cosmos aqui.
Voltando a THORchain, ela possui atualmente 76 nodes validadores, podendo chegar a um total de 360. Cada node deve deixar em staking na rede um total de, pelo menos, 1 milhão de tokens RUNE, o que equivale, pelo preço atual, a 7,6 milhões de dólares ou 38 milhões de reais. Ao contrário de muitas outras redes que utilizam o proof-of-stake, seja de maneira integral ou mesclado com outro mecanismo, a THORchain não permite o staking por delegação, no qual mesmo usuários comuns que não operam nodes podem delegar parte de seus tokens a um node validador e receber um retorno percentual em troca. Isso ocorre porque a THORchain acredita que o anonimato dos nodes validadores é fundamental para manter o máximo de segurança da rede.
Os nodes da THORchain são responsáveis por testemunhar o que ocorre nas outras blockchains que estão integradas na rede e em operar a troca de criptomoedas em carteiras custodiadas por eles próprios. Por exemplo, se você quiser trocar bitcoin por ethereum utilizando a THORchain, deve enviar bitcoin a uma carteira custodiada pelos nodes dessa rede, iniciar a operação e, em troca, receberá seus ethereum, vindos de outra carteira custodiada de um outro usuário que desejava troca ethereum por bitcoin.
Como funciona a THORchain (RUNE)?
Isso que foi explicado até aqui é a versão simplificada do que realmente ocorre na THORchain. Por trás desse cenário simples, existe uma série de atividades sendo desempenhadas pela Blockchain. Isso ocorre porquê, na THORchain, você sempre troca sua criptomoeda por tokens RUNE, e então troca RUNE pela outra criptomoeda que desejava desde o início. Esse sistema é utilizado para economizar a quantidade de pares negociados, o que iria fatalmente travar o sistema e deixá-lo muito mais caro, lento, e com muito menos liquidez. Com esse modelo, o número de pares negociados será sempre igual ao número de criptomoedas aceitas. Já em um modelo onde existem todos os pares possíveis para serem negociados o número de combinações cresce exponencialmente, tornando todo a plataforma menos eficiente e desnecessariamente mais complexa.
A título de exemplo, se imaginarmos que a plataforma chegue a suportar, em algum momento, 1.000 criptomoedas diferentes. No modelos atual da THORchain de utilizar apenas pares com a RUNE, isso significaria 1.000 pares de criptomoedas negociados. Já no segundo modelo, com todas as possíveis combinações diferentes, a rede precisaria de 499.500 pares negociados.
Nesse modelo, os provedores de liquidez – aqueles usuários que retêm suas criptomoedas na rede em troca de recompensas, ao mesmo tempo que possibilitam as diversas trocas que ocorrem na rede – devem sempre manter uma quantidade, em dólares, de RUNE, equivalente ao valor da criptomoeda que forma aquele par. Com as cotações de hoje, por exemplo, um Bitcoin equivaleria a 4.250 RUNE, mais ou menos. Se a qualquer momento essa relação se desequilibra, então traders de arbitragem são incentivados a atuar restabelecendo o equilíbrio. Se o preço do RUNE dispara, fazendo com que a quantidade de bitcoin não represente mais, em dólares, a quantidade recebida de RUNE na troca, naturalmente esses traders comprarão bitcoin baratos em corretoras e trocarão, no par, por RUNE, lucrando com a diferença. Ao fazer isso, entretanto, eles acabam fazendo com que haja uma maior demanda por bitcoin, tendendo a fazer com que seu preço suba e o equilíbrio se restabeleça.
Isso faz com que a THORchain não dependa oráculos (como a Chainlink, por ex.) para colher preços que estão fora da sua blockchain, já que a própria arbitragem reequilibra rapidamente a razão entre os pares negociados.
Em troca do seu trabalho, os provedores de liquidez recebem uma parte das recompensas de bloco dos nodes validadores, além de uma parte das taxas de transação.
Para o usuário que apenas quer trocar uma criptomoeda por outra, basta utilizar a interface front-end da THORchain, e em menos de 5 segundos, em média, você terá as criptomoedas que deseja, enquanto tudo isso esta ocorrendo no backend. De fato, a ASGARDEX, a corretora descentralizada da THORchain, é uma das corretoras mais funcionais e simples de se utilizar, não sendo necessário nem mesmo possuir uma wallet de browser prévia, como é necessário na maior parte das outras DEX. O próprio sistema cria para você um endereço em cada uma das blockchains conectadas ao sistema e você só precisa anotar as seed phrases. Lembre-se que você sempre precisará de RUNE para fazer as trocas e também para pagar as taxas de transação, em qualquer caso.
THORchain (RUNE): Onde comprar?
Para comprar RUNE, o modo mais fácil é por meio da Binance. Você precisará também de um pouco de BnB, pois a versão da Binance é a BEP2, da rede da própria, que precisa ser convertida na versão nativa da THORchain e isso requer o token BnB. Então, após comprar, você pode enviar a Rune versão BEP2 e BnB para o endereço da Binance Chain criado para você na ASGARDEX e então converter na versão nativa de RUNE.
Criptomoeda RUNE: Vale a pena?
Não há dúvidas de que a THORchain é um projeto revolucionário ao permitir a existência de uma corretora descentralizada que opera entre blockchains diferentes, entretanto, existem outros fatores que também são importantes de serem analisados para saber se vale a pena ou não comprar RUNE como um investimento.
A oferta total de RUNE esta prevista em 500 milhões de tokens, com sua oferta atual em 233 milhões. Desse total atual, 70 milhões foram distribuídos para os seed investors, 30 milhões para investidores privados e 20 milhões foram distribuídos por meio do IDO, ou Initial Dex Offering, da ASGARDEX. Isso significa que há um total de mais de 100 milhões de RUNE que estão nas mãos de pessoas que investiram a muito tempo no projeto, quando ele valia bem menos, e que podem vender a qualquer momento para realizar o lucro, o que certamente causaria um impacto no preço do token.
Por outro lado, considerando que os nodes validadores devem fazer staking de RUNE no valor total equivalente ao dobro do que estiver em circulação na DEX, o que significa uma quantidade de RUNE “fora” da negociação bastante significativa, aumentando a escassez do token e, portanto, podendo gerar um impacto positivo no preço a longo prazo a medida em que o volume de negociação da ASGARDEX aumenta e, consequentemente, o volume em staking também aumenta.
O fato de todas as taxas serem pagas em RUNE e desse token também ser necessário para integrar novas blockchains a THORchain, também gera um excelente fator de aumento da demanda a medida em que o ecossistema como um todo cresce.
Projeto THORchain: Qual seu futuro?
No momento atual, a THORchain já se destaca como um projeto valioso, porém, muitas desenvolvimento ainda estão previstos no seu curso, como integração com blockchains de smart contracts, como ADA, AVAX, Ziliqa, Polkadot, etc.; integração com criptomoedas de privacidade como Monero, Zcash e Haven e até mesmo funcionalidade de trocas dentro de uma mesma blockchain, como ETH para tokens ERC-20.
É certo que ainda existem alguns bugs a serem resolvidos nessa rede, porém, o seu potencial de ser, de fato, o esqueleto fundamental de um sistema financeiro totalmente descentralizado, sem interferência do dinheiro fiat, é grande demais para ser ignorado. Certamente esse é um projeto que vale a pena acompanhar.